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O oportunismo hoje

Do lado oposto aos defensores da tese da “revolução sem etapas” estão os defensores do chamado “projeto nacional de desenvolvimento”. O grande representante dessa linha dentro da “esquerda” brasileira é o atual PCdoB. Este partido há um bom tempo passa por um grande processe de degeneração, que se intensifica após a morte de João Amazonas. A morte de Mao Tsé-tung e a chegada de Deng Xiaoping ao poder na República Popular da China causou confusão no seio do Movimento Comunista Internacional, fazendo com que alguns desses partidos que reivindicavam o Marxismo-Leninismo entrassem em profunda crise ideológica e organizativa. Alguns desses partidos passaram a criticar não somente as reformas pró-capitalistas de Deng Xiaoping, mas o próprio pensamento Mao Tsé-tung, que durante anos guiou o Partido Comunista da China em sua luta pela construção do socialismo. Seguindo as teses de Enver Hoxha, esses partidos concluíram que Mao Tsé-tung era um representante do revisionismo moderno. No Brasil, João Amazonas defendeu essas posições de caráter esquerdista e sectário. Ao mesmo tempo em que internacionalmente adotava um discurso “esquerdista”, alinhado a Albânia, no plano da política interna o Partido caminhava a reboque de elementos pseudo-democráticos da burguesia nacional e da própria Burguesia Burocrática, adotando na prática uma linha política oportunista de direita, ainda que o grau de degeneração do Partido estivesse bem longe de poder ser comparado com o que ocorre com atual PCdoB. A queda da URSS e da Albânia Socialista exerceram uma forte pressão ideológica sobre o PCdoB, que reviu uma série de teses e conceitos que havia defendido no período anterior, se reaproximando de partidos que outrora apoiaram o revisionismo soviético, bem como se aproximando de partidos dirigentes de países que o Partido não considerava socialista, como Cuba, Coreia e China. Em 1992, em seu 9º Congresso, o PCdoB realiza uma crítica à Stalin, ainda que formalmente não condene em bloco a obra do dirigente soviético. Em nossa opinião, ainda que certas atitudes corretas – como a do reconhecimento da República Popular Democrática da Coreia e Cuba como países socialistas – de um modo geral a linha do partido aprofundava um caminho oportunista de direita.

Na luta contra o golpe de Estado se desenvolveu em nosso país, é justamente o PCdoB revisionista que sustentou a posição mais direitista dentro do movimento popular. Atuam como verdadeiros representantes da burguesia no seio do movimento operário, característica que pode ser facilmente comprovada por fatos recentes. Foi o PCdoB um dos primeiros partidos a chamar pela realização de “eleições gerais”, que na prática apenas legitimariam o golpe de Estado patrocinado pelo imperialismo Estadunidense. O PCdoB, apesar de fazer bastante alarde sobre a luta contra o Golpe, na prática aplica uma linha política que não compreende as consequências políticas sociais criadas por ele, se iludindo e alimentando a ilusão no parlamento burguês e a via legalista de combate ao Golpe. A confusão em suas fileiras é generalizada, pois o golpe de certa maneira desmascarou por completo as teses revisionistas defendidas por esse Partido. Esse partido vende aos seus militantes a ridícula tese de que o socialismo no Brasil seria alcançado por meio de um chamado “projeto nacional de desenvolvimento”. Utiliza a palavra de ordem de que o “socialismo é o rumo” e o “projeto nacional” é o caminho. Essa tese é mais revisionista do que as teses evolucionistas difundidas por destacados representantes do oportunismo como Bernstein, Kautsky e outros representantes do velho oportunismo. Defendem a ideia de que é possível alcançar o socialismo de maneira gradual, evolutiva, ainda que falem abstratamente em “rupturas”. O programa do PCdoB é uma cópia mal feita das velhas teses desenvolvimentistas defendidas por elementos da burguesia nacional na década de 50 e 60 do século passado. É de cabo a rabo um programa que objetiva colocar o proletariado a reboque da burguesia. Uma defesa de um programa com esse caráter, neste caso, é particularmente triste, tratando-se de uma organização que reivindica o legado do PCdoB de Grabois e Pedro Pomar, já que esses foram as principais figuras que se opuseram aos desvios nacionalistas-burgueses e reformistas que se apoderaram da direção do Partido Comunista ainda em 1958. Desmascarar o revisionismo do atual PCdoB é uma tarefa imperiosa para o nosso trabalho político e ideológico.

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