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As manifestações em Hong Kong possuem um caráter neocolonial


As manifestações em Hong Kong possuem um caráter neocolonial: tirem às mãos da China! Recentemente, com a eclosão de manifestações em Hong Kong, essa cidade chinesa se tornou o centro das atenções dos grandes meios de comunicação da burguesia. Todos eles repetem a exaustão o discurso oficial do Departamento de Estado norte-americano, de que o povo de Hong Kong estaria se insurgindo por uma luta pela “democracia” e “liberdade”, contra o “totalitarismo” proveniente de Pequim. Como não poderia deixar de ser, todas essas afirmações hipócritas, não passam de propaganda das classes dominantes reacionárias internacionais e dos seus lacaios em Hong Kong.

As manifestações eclodiram como uma rejeição à um projeto de lei do governo de Hong Kong, que buscava estabelecer um acordo de extradição com Taiwan, China Popular e Macau. A proposta desse acordo veio na esteira de um caso de assassinato, onde um jovem hongkongnes, Chang Tong-kai, teria assassinado sua jovem esposa, Poon Hiu-wing, em Taiwan. Pela situação específica do regime político de Hong Kong, criminosos como Chang não podem ser julgados por crimes cometidos fora da cidade. É importante lembrarmos que Hong Kong, apesar de não possuir acordos de extradição com a China, Macau e Taiwan, possui acordos desse tipo com mais de 20 países, incluindo Inglaterra e Estados Unidos [1]. Hong Kong, apesar de seu status especial, é parte integrante da República Popular da China, portanto não teria nada de estranho caso um acordo desse tipo fosse estabelecido.

O que dizem os reacionários? Um dos argumentos levantados pelos manifestantes é de que esse acordo abriria precedentes para o aumento da “repressão política”. Ou seja, o regime político vigente na China, sendo ele “comunista” e “totalitário”, inevitavelmente estenderia os seus tentáculos em direção à Hong Kong, acabando com as “liberdades democráticas” vigentes na ilha. Evidentemente que esse argumento carrega uma forte conotação política anticomunista e, portanto, reacionária. Ora, primeiro que o problema da chamada “falta de liberdade” na China Popular é um completo mito, apesar de ser um daqueles mitos bastante divulgados e, portanto, tido como uma espécie de “verdade absoluta” para quase todas as tendências políticas do regime burguês em todos os países do mundo.

A União Reconstrução Comunista, enquanto organização política que defende abertamente o marxismo-leninismo-Pensamento Mao Tsé-tung, possui o completo entendimento de que qualquer tipo de Estado é um órgão de repressão de uma classe determinada, portanto, em certo sentido, não é totalmente errado falar em “repressão política” na China. O choramingo dos imperialistas sobre essa questão ocorre principalmente quando o governo chinês corretamente “reprime” certas lideranças corruptas, intelectuais neoliberais e organizações com laços com os países imperialistas.

Como não poderia deixar de ser, nesse tema específico da defesa da “democracia” e da “liberdade” os manifestantes neocoloniais recebem um apoio apaixonado dos liberais-burgueses e de setores da esquerda pequeno-burguesa, que ao mesmo tempo que condenam a “ditadura” do Partido Comunista da China, aplicam de maneira rigorosa as estratégias delineadas pelo departamento de Estado norte-americano e abençoam a falsa democracia vigente nos países capitalistas.

Hong Kong é parte integrante da China É de conhecimento público que Hong Kong é uma cidade roubada da China pelo imperialismo britânico ao fim da chamada Guerra do Ópio. Durante mais de 156 anos, os imperialistas dominaram com decidida brutalidade a ilha, assassinando e perseguindo brutalmente os melhores filhos do povo chinês. Em especial durante a década de 60, os colonialistas britânicos e os seus lacaios reprimiram diversas manifestações e greves lideradas pelos comunistas de Hong Kong. Atualmente, apesar de Hong Kong ser oficialmente parte da República Popular da China, o fato de ser uma Região Administrativa Especial, sob a orientação da política de “Um país, dois sistemas”, o regime político vigente em Hong Kong, na prática, ainda possui diversos vestígios do antigo regime colonial. Nesse sentido, nenhuma reforma estrutural foi implementada. A economia da ilha é completamente dominada pelos tycoom e nas ruas da cidade vigora a atuação de várias organizações mafiosas (também elas historicamente ligadas ao anticomunismo).

O governo chinês, ao contrário do que vende a grande mídia monopolista internacional, sempre foi muito coerente na defesa da política de “Um país, dois sistemas”, nunca tentou impor de maneira unilateral sua vontade. A influência dos países imperialistas estrangeiros, especialmente da Grã-Bretanha, ainda é muito forte na ilha e se reflete em várias esferas da vida social e política da cidade. O fato de muitos dos manifestantes neocoloniais terem saído nas ruas carregando bandeiras do antigo período, bem como bandeiras dos Estados Unidos, mostra que a influência das potências imperialistas é algo bastante presente.

No aspecto econômico, vigora na cidade um regime de tipo neoliberal, o que explica a situação deplorável em que vivem as classes populares de Hong Kong. O fato de ser uma cidade não completamente integrada ao continente é, portanto, um fator negativo, não positivo, como tentam apontar os ideólogos da grande burguesia internacional. Existem, portanto, vários elementos econômicos, políticos e sociais que produzem o descontentamento em setores vastos da população de Hong Kong.

Também vale a pena mencionar o papel desempenhado por centenas de grupos não-governamentais, financiados via National Endowment for Democracy [2], uma instituição que possui ligações próximas com a CIA, fundada por iniciativa do imperialista Ronald Reagan. Uma rápida pesquisa no site oficial desta organização comprova tal relação, mostrando assim que o imperialismo não faz nem questão de esconder o seu envolvimento com a interferência nos assuntos internos da China e outras centenas de países ao redor do mundo.

Todos esses acontecimentos estão dentro de um plano maior do imperialismo, especialmente estadunidense, de tentar desestabilizar a República Popular da China, fazendo valer assim a imposição dos seus interesses. Não é coincidência que tudo isso esteja correndo em meio a intensificação da pressão do imperialismo norte-americano contra a China por meio da chamada “guerra comercial”.

Infelizmente poucos foram até agora os Partidos Comunistas que se manifestaram abertamente em defesa do povo chinês, denunciando as manobras do imperialismo. Muitas organizações preferem se “abster”, com medo de se “queimarem”. Algumas chegam ao cúmulo de apoiarem as manifestações pró-imperialistas, com a desculpa esfarrapada de que estariam lutando contra o ‘’revisionismo” do Partido Comunista da China.

Contudo, gostaríamos de destacar a posição oficial adotada por organizações como o Partido do Trabalho da Coreia, que por meio de seu órgão central Rodong Sinmun se colocou ao lado do governo chinês contra o imperialismo [3]; a recente nota do Partido Comunista Chileno Ação Proletária [4] e a nota do Partido Comunista da Grã-Bretanha (Marxista-Leninista) [5]. Fazemos um chamado, portanto, para que todas as organizações consequentemente anti-imperialistas da esquerda brasileira, se coloquem abertamente em defesa do povo chinês, contra qualquer tentativa de intromissão do imperialismo nos assuntos internos da China, em defesa de sua soberania e unidade. NOTAS 1 https://www.doj.gov.hk/eng/laws/table4ti.html 2 https://www.ned.org/region/asia/hong-kong-china-2018/ 3 http://www.chinadaily.com.cn/a/201908/14/WS5d53b199a310cf3e35565bce.html 4 https://www.facebook.com/partidocomunistaaccionproletaria/posts/10156820494895674?__tn__=K-R 5 https://www.cpgb-ml.org/2019/08/18/news/hands-off-hong-kong/

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