top of page

Sobre o Golpe de Estado imperialista na Bolívia


O golpe de estado orquestrado na Bolívia, que causou a renúncia do presidente Evo Morales, é mais um dos tantos golpes dirigidos pelas classes reacionárias e conservadoras da América Latina, lacaias do imperialismo estadunidense.

A guerra comercial entre o imperialismo estadunidense e o bloco sino-russo, trouxe a necessidade do governo norte-americano de voltar seus olhos e suas garras contra a América Latina, território tido por este como seu quintal. Para tanto, torna-se indispensável a derrocada de governos que não estão totalmente alinhados aos seus interesses e que dessa forma, apresente-se como uma possibilidade de enfraquecer o bloco inimigo.

Seguindo os manuais de Washington, o Comitê Cívico de Santa Cruz (CCSC) – historicamente instrumento da oligarquia de Santa Cruz, principalmente dos latifundiários e banqueiros –, representante da fração mais reacionária da direita fascista, racista e pró-imperialista, que sob a liderança de Fernando Camacho, levou a cabo a tarefa de desestabilizar por meio de milícias e apoiados pelos neopentecostais, o governo de Evo, persuadindo, intimidando e aterrorizando dirigentes eleitos pelo povo boliviano no último pleito.

As Forças Armadas da Bolívia, assim como as forças armadas de quase todas as semicolônias da América Latina, são treinadas, armadas e educadas politicamente por intermédio de agentes estadunidenses. Mesmo após 13 anos de um governo “progressista”, Evo não logrou organizar as massas e muni-las no plano político, ideológico e militar para resistirem a um golpe de Estado, como no caso da Venezuela. Desta forma, após alguns dias de tensão nas ruas, sem que o Exército ou a polícia se colocassem contra os atentados e as atrocidades dos golpistas contra os dirigentes do Movimiento al Socialismo (MAS) e dos ataques contra os povos indígenas e todo proletariado, o comandante das Forças Armadas Williams Kaliman e o comandante da Polícia Boliviana, o general Vladimir Yuri Calderón, pronunciaram-se pedindo a renúncia de Evo, para acabar com a escalada de violência no país - como se tal violência não estivesse sendo permitida justamente para forçar a renúncia e negligenciada por estes aparelhos repressores do Estado, demonstrando o alinhamento destes com as oligarquias anti-nacionais e o imperialismo.

As correntes no Whatsapp e em outras redes sociais, utilizadas como disseminadoras de “fake news”, são mais uma das ferramentas utilizadas pelos golpistas, que colocam o povo boliviano num estado de guerra psicológica; estas táticas já conhecidas e disseminadas pelos manuais das guerras não convencionais visam imobilizar as lutas contra o golpe.

As massas populares, já manifestando sua radicalidade em demonstrações massivas nas ruas de El Alto (segunda maior cidade do país), posicionam-se sem vacilar contra o golpe de estado, levantando bandeiras wiphala e gritando a palavra de ordem “Ahora si! Guerra civil!”. Entretanto, esta não tem sido a resposta que a direção de Evo Morales e do MAS têm dado. O dirigente sindical já vem tomando a posição de conciliar com o golpe, declarando abertamente em seu twitter pessoal, por exemplo, que é preciso que “trabalhadores da saúde e educação que voltem a prestar serviços à população, frente a tantas paralisações e greves.” Mais tarde, Morales anunciaria pela mesma rede social sua partida rumo ao México, após este conceder-lhe asilo político.

É fundamental, além de denunciar a investida arquirreacionária do imperialismo estadunidense na Bolívia e o golpe de estado realizado, apontar os problemas advindos da linha política norteadora do governo de Evo Morales, semelhante com a da experiência do chavismo na Venezuela. O chamado “socialismo do século XXI”, de caráter essencialmente reformista, aponta a possibilidade de criar-se democracias com ampla e genuína participação das massas populares na vida política nacional, determinando o seu próprio destino e combatendo a corrupção estatal. No plano econômico, em geral, defende a nacionalização de recursos energéticos e, em alguma medida, a industrialização nacional, dinamizando o mercado interno e gerando melhorias imediatas nas condições de vida da população trabalhadora sem, em qualquer momento, destacar o problema da necessária revolução social que supere qualitativamente a ordem dominante vigente, solucionando pela raiz as contradições sobre as quais está alicerçada a sociedade boliviana, demonstrando que sua abordagem teórica não está para além dos marcos democrático-burgueses.

A apreensão marxista-leninista acerca da questão do Estado é a de que esta, segue sendo sempre, em última instância, órgão de dominação de classe – em caso nosso, da burguesia compradora e burocrática, conjuntamente com o velho latifúndio, sobre o resto do povo. A partir da obra “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, de Engels, o vitorioso revolucionário e dirigente comunista Vladimir Ilitch Lenin, numa conferência realizada em 1919 na Universidade Sverdlov, já dizia, com maestria, que “qualquer Estado em que exista a propriedade privada sobre a terra e os meios de produção e em que domine o capital, por mais democrático que ele seja, é um Estado capitalista, é uma máquina nas mãos dos capitalistas para manter submetidos a classe operária e o campesinato pobre. E o sufrágio universal, a Assembleia Constituinte, o parlamento, são apenas a forma, uma espécie de letra de câmbio, que em nada altera o fundo da questão.”

Compreendendo o caráter do Estado num país semicolonial, não se deve alimentar quaisquer ilusões com as instituições oficiais da ordem dominante. É preciso destacar e mostrar às massas populares que a propriedade estatal (pública) de uma formação social traçada por clara divisão de classes possui, assim como o próprio Estado, caráter de classe e que, nas circunstâncias atuais, por excelência, é antipopular. É necessário apontar que somente uma revolução de caráter democrático, nacional e anti-imperialista, que leve à ruína os aparatos de dominação burguesa-latifundiária submissos a interesses externos, pode de fato resolver as contradições que encerram a sociedade, superando completamente tal estado de coisas e caminhando rumo à sociedade socialista, cuja forma de propriedade fundamental é a social e não a privada, esta última correspondente aos países imperialistas, coloniais, semicoloniais e dependentes.

A União Reconstrução Comunista (URC), que realiza duras críticas ao tão falado "socialismo do século XXI", reconhece a necessidade e convoca todos os setores democráticos, patrióticos e progressistas do Brasil a denunciar e opor-se ao golpe de estado, assim como o processo de fascistização em curso na Bolívia, que significa um claro retrocesso no que se refere aos direitos democráticos, ainda que com limitações, conquistados pelo povo nos anos do governo de Evo Morales. Que as massas populares bolivianas, irmãs do povo brasileiro, levantem-se e derrotem esta investida do imperialismo estadunidense.

IMPERIALISMO IANQUE: TIRE SUAS GARRAS DA BOLÍVIA E DA AMÉRICA LATINA!

EM DEFESA DO DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS!

SOLIDARIEDADE AO POVO BOLIVIANO! CONTRA O GOLPE DE ESTADO!

bottom of page